Os primeiros registros de crepes foram feitos no século I pelo gastrônomo romano Apicius, autor do receituário De re coquinaria. Cozidas no ferro quente, iam à mesa recheadas com mel e pimenta.
Os italianos juram que a especialidade nasceu no século V, quando peregrinos franceses, movidos pela fé, chegaram a Roma para a Festa della Canderola. O papa Gelasio, vendo-os famintos, mandou abastecer a cozinha do palácio pontifício com ovos, sacos de farinha e litros de leite. Os crepes teriam nascido ali ao acaso e depois levados à França pelos próprios peregrinos.
Assim foi originado o nome, do francês crêpe, que significa crespo, fazendo referência à textura da massa após a passagem pela frigideira ou chapa de metal untada com manteiga.
Originalmente feitos sobre chapas de metal, a receita doce combinava farinha de trigo integral, ovos, leite, água, açúcar e baunilha. A salgada, chamada de galette, levava apenas trigo sarraceno, água e sal.
Os franceses possuem centenas de histórias ligadas aos crepes, cuja forma e composição resistiram até os tempos modernos. Em torno delas existem engraçadas superstições que animam as noites frias em que costumam servi-las. Uma delas é o hábito de levar cada convidado a preparar o seu, formulando um desejo antes de jogar o crepe para o alto. Se cair aberto e do lado certo, o desejo será imediatamente atendido. Caso contrário, o pedido só poderá ser refeito no inverno seguinte.
Essas superstições têm origem na Idade Média. Em muitas regiões os camponeses tinham o costume de deixar um crepe aberto na cozinha para atrair sorte e afastar o fantasma da fome. É que os crepes, pelo seu formato e cor, lembravam as moedas de ouro usadas na época, os famosos "luíses", cuja denominação se referia aos diversos reis com o nome "Luís" que a França conheceu. Não tendo um "luís" real, tinham o crepe.
É possível também que esta relação com as tradições dos camponeses normandos. Durante uma das festas comemoradas pela igreja francesa, os camponeses se apresentavam diante dos senhores feudais com um timbale. Dentro, levavam uma moeda de prata e um crepe. Um deles escolhido ao acaso, era encarregado de fazer soltar o crepe. Se ele caísse aberto dentro do timbale, os camponeses eram beneficiados com a redução dos impostos sobre a colheita. Daí a conotação de sorte que passou através dos tempos.
Prato sobretudo rural, o crepe alçou vôo para as mesas mais sofisticadas, preparadas com produtos exóticos e raros. Atualmente, são servidos de todas as formas: salgados ou doces; simples ou recheados; abertos, enrolados ou empilhados; como sobremesa ou entrada. Apesar de requintados, hoje, nos recheios, os crepes mantêm desde a Idade Média a mesma forma simples e rápida de preparação. Basta juntar o ovo, farinha e leite. Depois, é jogar para o ar e esperar que a sorte ajude.
FONTE: História do Crepe